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Sthefane Torres

Por que ser músico?

pergunta que você deveria se fazer já neste início de ano.



“It was never about fame back then. We just thought about what gave us goosebumps” (Quincy Jones)

Reprodução: PhotoInvivo


Em uma tradução livre, Quincy Jones, indicado para 79 Grammy Award, sendo premiado com 27 destes, fala sobre o “espírito” da coisa de ser músico:


“Nunca foi sobre fama naquela época. Nós só pensávamos no que nos dava arrepios”.

Antes de você investir cada centavo das suas economias, destruir os seus relacionamentos e ir dividir apartamento com 4 caras da banda, dê um passo atrás e se pergunte POR QUE você quer ser músico. Brincadeiras à parte, esta pergunta aparentemente boba, deveria ser a primeira e mais importante a ser feita, porque ela pode definir o curso da sua vida.


Se a resposta que veio à sua cabeça foi “porque eu amo música”, não é este tipo de resposta que você deveria estar buscando. Por exemplo, eu amo comida japonesa, mas eu não estou disposta a comer comida japonesa todos os dias pelo resto da minha vida. Uma carreira musical, diferente da maioria das carreiras, não oferece um caminho linear, não segue um esquema de graduação acadêmica e requer mais paixão do que a maioria. 


Depois de assistir ao filme “Quase Famosos”, fica fácil entender porque as pessoas podem pensar que uma carreira musical é feita de festas, turnês em ônibus pelo país, fãs que se parecem com a Kate Hudson, e shows com os ingressos esgotados. Quem não gostaria de ser músico nestas condições?!? A verdade é que a carreira musical pode sim ter estas “regalias”, mas na maioria do tempo você provavelmente vai passar trabalhando 16 horas por dia, deixando de ir às festas para praticar o seu instrumento, procurando murais para colar pôsteres do seu próximo show e convencendo os seus amigos a pagarem R$ 50,00 em um show de 20 minutos na terça-feira à noite em um bar meio distante, ou passando horas enviando o release da banda a jornalistas e influenciadores nas mídias sociais. Mas tudo isto valerá a pena quando você tiver os seus 25 minutos de felicidade no palco. 


Aqueles que entram no mercado da música para única e exclusivamente ficarem famosos, falham. Você precisa de objetivos elevados e uma confiança inabalável para ter sucesso em um campo tão difícil. Mas fama, por si só, não vai sustentar a sua caminhada. Fama deveria ser encarada como um “risco ocupacional” na sua carreira musical.


Escolher tocar guitarra para impressionar uma garota, pode até funcionar, e muito provavelmente você irá impressionar muita gente, mas quem toca por hobby toca para impressionar os outros, músicos de verdade tocam os seus instrumentos para alimentar a alma. 



Reprodução: GIPHY


Você precisa se decidir cedo sobre que tipo de artista você deseja ser. Você deveria se preocupar em agradar a você primeiro e sempre. Não crie músicas pensando no que as pessoas gostariam de ouvir, não toque músicas que outras pessoas gostariam de ouvir.


Sim, é muito importante criar shows divertidos, interessantes, mas se você se esforçar em cada aspecto para agradar a cada pessoa, você simplesmente não vai agradar a ninguém e muito menos a si mesmo no final das contas. Um excelente metáfora é perguntar às pessoas se elas gostam de chá quente ou frio, você vai encontrar respostas diferentes, mas oferecer chá morno para agradar a todos, vai acabar por agradar a ninguém. Resumindo, para ter sucesso como um artista original, você precisa pavimentar o próprio caminho. 


Seguir tendências musicais para ajustar a sua produção não é o mesmo que simplesmente escrever músicas que as pessoas querem ouvir. Se você for verdadeiro com a sua arte e a sua essência, os apreciadores virão. A coisa mais importante que você deveria se lembrar é de ser autêntico. Se você naturalmente é um “pateta” então seja um “pateta”, se você é um introvertido com cara de poucos amigos, então seja um introvertido com cara de poucos amigos. A razão pela qual os fãs se conectam aos artistas em um nível profundo, quase spiritual, é porque estes artistas trazer a sua verdade. Os artistas de verdade tem um jeito único de contar a sua história e por isto as pessoas conseguem se identificar com ela.


Desde sempre, os artistas são reconhecidos por enxergarem o mundo à sua maneira e revelarem esta visão de mundo através das suas criações. 


Antes de embarcar nesta jornada maluca, você precisa entender que pode não receber todo o suporte da sua família. Talvez você e só você entenda o porque você escolheu este caminho. Ou talvez a música seja a sua família ou o único amor da sua vida. Ótimo. Mas se você busca pela aprovação da sua família, talvez a música não seja o melhor caminho. A sua família talvez não entenda os caminhos da sua carreira. A maioria das pessoas no mundo não entende o “music business”.  Muitos vão te perguntar


“então você está tentando ser um músico?”,

sem perceber o quão insultante (e ao mesmo tempo inocente) é esta pergunta. 

Há uma cena clássica no filme Whiplash em que o protagonista, Andrew Neiman, um baterista de jazz de 19 anos muito promissor, cursando a melhor escola dos Estados Unidos, está em um jantar de família. Os seus tios começam a falar do sucesso dos filhos como quarterback de um time da Terceira Divisão da universidade e sobre os outros primos quando perguntam a Andrew



Reprodução: Whiplash


“e o negócio da música, como vai?”.


Embora ele tente explicar os seus pontos de sucesso, quando um tio acaba dizendo em tom pretensioso que quem sabe algum dia algum estúdio acabe por fim o contratando, ele sai em defesa de sua carreira e ataca as pequenas vitórias de seus primos, afirmando que as suas conquistas são triviais e que nunca o levarão à NFL. Então seu tio pergunta: “Você tem algum amigo, Andy?” e sua resposta surpreende “Não… eu nunca vi utilidade nisso”. O tio então continua, “Lennon e McCartney eram amigos de colégio” e Andy revida “Charlie Parker não conhecia ninguém até Joe Jones jogar um prato de bateria em sua cabeça”. Ao que o tio responde: “Então esta é a sua ideia de sucesso?”. Andy rebate:


“Acredito que ser o maior músico do século serve como ideia de sucesso de qualquer um”.

Então o pai de Andy interfere: “Morrer quebrado, bêbado e cheio de heroína aos 34 anos não é exatamente a minha ideia de sucesso.” Andy protesta “Eu preferiria morrer bêbado e quebrado aos 34 anos e ter um monte de gente em uma mesa de jantar falando sobre mim do que ser rico e soberbo aos 90 anos e ninguém se lembrar de quem eu fui”. 


Ainda que Andrew seja um baterista de jazz de um filme, este diálogo sumariza bem o tipo de conversa que os músicos acabam tendo um dia com os seus familiares em algum momento de suas vidas. Mesmo que o pai de Andrew tenha tentado ser um apoiador, ele simplesmente não entende porque o seu filho quer ter uma carreira tão emocionalmente taxada, que não apresenta um caminho claro para o sucesso sustentável.


Este é um dos primeiros obstáculos que quem escolhe esta vida deve superar. Como afirma Ari Herstand, autor que inspira este artigo,


“embora eu seja músico professional há 12 anos, meus pais ainda esperam (secretamente) que eu me torne um advogado ou médico”.

Que em 2020, você entre de maneira consciente e com propósitos nobres na sua carreira musical, contando com a iMusics para te acompanhar nesta jornada!



Reprodução: GIPHY


Fonte: “How to make it in the new music business – Practical tips on building a loyal following and making a living as a musician” (Ari Herstand) First edition / liveright Publishing Corporation, New York.

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